Na última sexta-feira (01/11), o Siemaco Osasco realizou o seminário Quebrando Barreiras, em Barueri/SP, em parceria com a Femaco e o Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF). O evento foi mais uma etapa da campanha #RespeiteTodoMundo, organizada em várias regiões do Estado de São Paulo, que tem como objetivos promover a saúde mental e combater os assédios moral e sexual e as práticas discriminatórias no ambiente de trabalho.
Durante o dia foram ministradas palestras voltadas para empregados dos setores de asseio e conservação, limpeza urbana, áreas verdes e controle de pragas, além de representantes do movimento sindical e de órgãos governamentais de Osasco e região, levando informação e conscientização sobre temas importantes envolvendo o bem-estar dos trabalhadores.
O presidente do Siemaco Osasco, Assil Kraide, abriu os trabalhos na presença do coordenador do Grupo de Ação Sindical (GAS) da Femaco, Roberto Leme, do presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Osasco e Região (SECOR), Luciano Pereira Leite, e do diretor do SECOR, José Elias de Gois. “Nosso caminho é atuar principalmente onde o Estado deixa a desejar”, disse Assil. “Fizemos a campanha Outubro Rosa, oferecendo consultas com ginecologista e exames de Papanicolau gratuitos para as mulheres, vamos fazer o Novembro Azul, com coleta de PSA, aferição de pressão e de glicemia para os homens, e hoje trazemos mais esse importante evento com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores”, acrescentou.
Também presente ao seminário, a gerente regional do Trabalho e Emprego em Osasco, Deise Canhisares Gomes da Silva, falou sobre a importância da iniciativa. “Existe uma pressão muito grande sobre os trabalhadores do setor de limpeza e, por isso, é tão importante os sindicatos estarem atentos a essas questões que, muitas vezes, fazem com que o empregado adoeça”, afirmou.
LGBTQIA+fobia
A primeira palestra foi ministrada pela diretora do Siemaco São Paulo, Maria Aparecida Silva, que descreveu os tipos de assédio moral e assédio sexual, e explicou o conceito de LGBTQIA+fobia, que ocorre quando há diferenciação, exclusão ou preferência baseadas na identidade/expressão de gênero e orientação sexual do trabalhador, visando alterar a igualdade de oportunidade e/ou tratamento entre a pessoa LGBTQIA+ e os demais colaboradores. “Dentro do ambiente de trabalho a única preocupação deve ser com o lado profissional, e o respeito é a base para vencer o assédio moral, o assédio sexual e a LGBTQIA+fobia”, afirmou a palestrante.
Exemplos de assédio
Na sequência, a secretária-geral do Siemaco São Paulo, Márcia Adão, abordou exemplos frequentes de assédio, principalmente contra as mulheres, como controlar o horário de ir ao banheiro; deixar de contratar em razão de eventual gravidez; pagar salário mais baixo em comparação a um homem que exerce a mesma função.
Segundo ela, outro tipo de assédio comum ocorre quando o(a) trabalhador(a) retorna de afastamento. “Quando a pessoa volta e o líder esconde esse trabalhador, não dá uma ferramenta de trabalho para ele, faz chacota, coloca apelidos. Isso é discriminação, é exclusão”, exemplificou.
Há ainda os casos de racismo, que podem ocorrer de diversas maneiras. “Não contratar ou demitir alguém por causa de etnia, cor da pele ou características físicas”, explicou Márcia. “Ou então traçar um perfil para vaga de emprego, exigindo atributos com base na idade ou aparência da pessoa”, complementou.
Enfrentando o assédio
De acordo com a diretora Social do Siemaco São Paulo, Daniela de Souza Bittencourt Dias, o trabalhador vítima de assédio muitas vezes busca solucionar o problema por conta própria. “Ele tenta ficar longe do assediador, deixar de conversar, se excluir, mas na impossibilidade de resolver isso, ele pede demissão. Com isso, não só a mente dele é afetada, mas também a economia da família.”
Sendo assim, quando ocorre o assédio, a melhor forma de enfrentá-lo é denunciar, conforme recomendou o advogado Dr. Elton Morais Lucio, em sua apresentação.
Segundo Morais, a Lei 14.457/2022 estabelece que as empresas devem manter canais de denúncia para serem utilizados anonimamente. “A empresa tem o dever de investigar aquela conduta, verificar se está ocorrendo aquele assédio dentro do ambiente dela e tomar as medidas cabíveis”, afirmou.
A mesma legislação determina que as empresas com CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio) devem adotar regras de conduta a respeito do assédio sexual e de outras formas de violência nas normas internas, bem como realizar, no mínimo a cada 12 meses, ações de capacitação, de orientação e de sensibilização dos empregados e das empregadas de todos os níveis hierárquicos sobre temas relacionados à violência, ao assédio, à igualdade e à diversidade no âmbito do trabalho.
Saúde mental
O seminário foi concluído com uma palestra do psiquiatra Dr. Augusto Goldoni sobre saúde mental, abordando cuidados e patologias psiquiátricas causadas por estresse ocupacional, entre elas a síndrome de Burnout, ocasionada por vários fatores do ambiente de trabalho, como clima organizacional desfavorável, alta demanda de trabalho, desequilíbrio entre esforço e recompensa, dedicação excessiva ao trabalho e níveis abusivos de pressão e cobrança.
De acordo com o psiquiatra, a 2ª maior causa de afastamentos pelo INSS são os transtornos mentais. Além disso, mais de 90% das doenças dermatológicas são causadas ou agravadas por uma questão emocional. “Isto porque a pele é o maior órgão do corpo e é aquilo que separa o externo do interno. Normalmente quando a pessoa tem problema de relacionamento, em casa ou no trabalho, ela tem problema de pele”, contou o médico.
Outros sintomas gerais ou doenças que podem estar relacionados ao estresse ocupacional são: cefaleia, gastrointestinais, hipertensão, cardiovascular, câncer, dermatológicas, musculares, obesidade, libido, cólica menstrual, diabetes, odontológicas, bruxismo, insônia, depressão, mau humor, raiva, memória, concentração, fadiga, medo, ansiedade, fobias, enurese noturna, problemas na vida social (relacionamentos, trabalho, família, escolar).
